Xangô o dono do tambor

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segunda-feira, 14 de junho de 2010

Ser um Alabê

Muitas pessoas, desde o mais leigo simpatizante da Religião Afro-Umbandista, até os mais antigos e experientes Babalorixás, Yalorixás e Chefes de Terreiro, costumam tratar de uma forma generalizada ao Alabê como Tamboreiro ou Vice-Versa.

Há tempos que debato com várias pessoas o fato de que tal equívoco ou costume vem a cada dia acontecendo com mais e mais freqüência dentro da Religião, e para minha surpresa, e nem tanta assim, observei que alguns nem sabiam a grande diferença existente entre as duas “funções”, como assim inicialmente trataremos.

Na verdade, em inúmeras vezes que eu abordei o assunto, insisti em dizer que a “função” de Alabê não se resume em apenas tocar o Ilú (tambor), mas sim, ter um conhecimento do fundamento que é necessário para desempenhar a mesma.

Outra coisa muito importante é se enfatizar que o Alabê pertence somente a Nação, ou Batuque como popularmente é conhecido, além do que é necessário, no mínimo, o apronte de Orí (cabeça) daquele que esta sendo feito como Alabê, por isso é que jamais poderemos ter um Alabê de Umbanda ou Quimbanda. Não basta para ser um Alabê, apenas saber tocar e cantar algumas rezas.

Será que pode uma pessoa ser considerada um Babalorixá ou Yalorixá sem ter todos os devidos assentamentos, o Axé de Obé e de Ifás? Como podem ser coroados caciques na Umbanda sem terem todos os cruzamentos que se fazem necessários? A feitura de um Alabê é exatamente igual, ou seja, além de tocar o Ilú, saber as rezas do início e do fim (Nação e Arissun), é também necessário ter o apronte de Orí e o recebimento do próprio Axé de Alabê.

Pela feitura que temos, reafirmo a todos Irmãos, simpatizantes e leitores que não se faz um Alabê do dia para a noite e é por esta mesma feitura que nós Alabês jamais faremos algo que agrida aos nossos fundamentos, como tocar Ebós para os Orixás de sapatos, tênis ou assemelhados, vestindo bermudas ou até mesmo tirar o Alujá da Iansã e do Xangô para que “Exús” e “Pomba-Giras” desfrutem de um ritual que não os pertencem, de modo que os mais novos e os leigos pensem estar se realizando um ritual totalmente correto e normal.

Sempre que tocamos, seja para a Nação, Umbanda ou Quimbanda, temos o dever de saber da responsabilidade que estamos ali assumindo e que a partir de nossas mãos podemos trazer ao nosso mundo desde Exús a Orixás e que nossos erros e acertos poderão refletir nas pessoas que ali estão. Por isso além de conhecimento, são imprescindíveis o respeito, a humildade e o amor naquilo que se faz.

Poderíamos classificar o Alabê ou o Tamboreiro uma “função” dentro da Religião, o que na verdade não está muito distante do lógico, mas prefiro dizer em se tratar de um dom ou simplesmente o destino de cada um de nós. Mas mesmo assim, seja função ou destino, as diferenças existem.

Um bom axé a todos...

quarta-feira, 2 de junho de 2010